Cuidados com a pele

Dermatite: Quais as causas, sintomas e como prevenir

Doença pode se manifestar em várias fases da vida, com pele seca e coceiras causando muito desconforto

Foto: Jô Folha - DP - Entre os sintomas estão vermelhidão, coceira, descamação e formação de pequenas bolhas cheias de líquido transparente

Por Joana Bendjouya

Uma doença inflamatória da pele que gera vermelhidão, muita coceira e bolhas, e que não é transmitida por contato direto ou por objetos de uso pessoal, podendo surgir em qualquer idade e também atingir qualquer parte do corpo. Assim é definida a dermatite.

O diagnóstico deve ser feito por um dermatologista, que através da avaliação da pele e do histórico de saúde familiar e da pessoa chega a uma resposta. Para confirmar este diagnóstico, o médico também pode, se necessário, solicitar alguns testes e exames como biópsia de pele, teste cutâneo de alergia e exames de sangue.

Segundo a dermatologista Debora Sarzi Sartori, as dermatites podem ser classificadas de acordo com critérios clínicos e a forma que se manifesta. Os tipos mais prevalentes são a dermatite de contato e a atópica. Porém existem também outros tipos. “É a doença de pele mais comum. Pelo menos 20% a 25% da população terá pelo menos um grau, mas eu sempre costumo dizer que toda dermatite tem nome e sobrenome. Ou seja, especificar qual delas é fundamental para o tratamento e prevenir novas crises”, comenta.

Dermatite de contato
É uma reação inflamatória que ocorre na pele devido à exposição a um componente que causa irritação ou alergia. Quando esse agente externo entra em contato com a pele, desencadeia as erupções cutâneas, causando coceira, vermelhidão e descamação, geralmente nas mãos ou na face, sendo estes os sintomas mais comuns.

“Não se trata de uma doença contagiosa, é preciso trabalhar de forma preventiva, criando uma barreira cutânea preventiva”, explica Debora, se referindo à forma que este tipo de dermatite se manifesta, sendo causada pelo contato da pele com substâncias, tecidos ou objetos como níquel, cosméticos, perfumes, poeira, sabonetes, detergentes ou látex.
Sendo assim, a dermatologista salienta que a mudança de hábitos é fundamental para prevenir novas crises e desconfortos. “Hidratar a pele é fundamental, mudar a rotina de banhos longos e quentes, não usar produtos que já se percebeu que ao entrar em contato com a pele deste paciente faz a irritação, deixando mais vulnerável para a dermatite.”

Dermatite atópica
É definida como uma doença crônica de pele que apresenta erupções que coçam e apresentam crostas, cujo surgimento é mais comum nas regiões das dobras dos braços e dos joelhos. A dermatite atópica muitas vezes pode vir acompanhada de quadros de asma ou rinite alérgica. É um dos tipos mais comuns de dermatite, mas ainda assim é uma doença algumas vezes limitante, que impacta na qualidade de vida de quem possui, interferindo diretamente no sono e, por consequência, no dia a dia deste paciente. É considerada uma doença crônica, sendo mais comum nas crianças e tendo como principais causadores os fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Mas, ainda assim, em alguns casos pode surgir também na idade adulta.

Joziane de Moura Knuth, mãe de Miguel Alexandro Knuth Soares, 11, que sofre com a dermatite atópica desde bebê, conta que além das crises de coceira e das erupções na pele, sofreu muito com o preconceito das pessoas em relação à aparência da pele do seu filho durante as crises. “Foi uma época muito difícil quando ele era pequeno, era um sofrimento com as feridas que ficavam de tanto coçar. Tinha vezes que ele ia para escolinha no inverno de chinelo de dedos, pois tinha ferida nos pés e não conseguia calçar nenhum sapato fechado. Teve outras situações dele maior e colegas não queriam fazer o trabalho em aula, pois ele estava com feridas no rosto. Isso tudo é uma dor muito grande para mim. Como ele coçava, muito as feridas alastravam”, relata a mãe.

Todas essas situações foram antes de conseguir um tratamento efetivo e correto para o quadro que Miguel apresentava. “Ele não pode ter a sua roupa lavada com sabão muito cheiroso, assim como o creme que ele usa para a pele, que precisa estar sempre muito hidratada. Sempre que vejo uma bolinha que coça, já trato para não aumentar. Hoje em dia ele dorme melhor, ele brinca melhor, o controle da dermatite mudou a vida dele. Vejo também que, diferente do que acontecia antes, quando eu ia na dermatologista só quando ele estava em crise, hoje em dia é diferente. Ele tem uma rotina de consulta de dois em dois meses. Entendi que a prevenção é muito importante, ele está muito bem”, explica Joziane.

A coceira intensa e a pele seca são as principais características dessa patologia, mas em decorrência disto podem surgir grandes feridas que, ao coçar, podem evoluir para uma infecção bacteriana ou fúngica. “É muito comum as crises ficarem piores quando esfria, pois é quando os banhos ficam mais quentes e a pele mais ressecada. Mas é preciso levar em conta outros fatores como os genéticos. A prevenção e cuidado com a pele são fundamentais”, relata a dermatologista.

A médica explica que a dermatite atópica pode se manifestar no corpo em vários momentos da vida, se tratando assim de uma doença genética. “Três principais fatores precisam ser levados em consideração: o sistema imunológico deste paciente, as questões genéticas e o ambiente aonde se vive”.

Quando apresentada em bebês, costumam ficar com as bochechas vermelhas, descamando, assim como também algumas outras áreas do corpo é possível perceber a descamação, como pescoço, cotovelos e joelhos. Outras vezes, pode ser uma sensibilidade na pele que, quando muito pequenos, é mais sensível. “Então, é necessário estar atento e observar se aquela criança que, se usa um sabonete começa a se coçar, se entra em contato com poeira começa a se coçar. E essas características vão mudando ao longo da vida, a maioria dos atópicos melhoram com a idade. Na adolescência, essas lesões vão se situar muito mais nas áreas de dobra, como a do cotovelo, do joelho, do pescoço. Nos adultos, perde essa determinação de localização, podendo acometer qualquer parte do corpo”, afirma.

Tratamento
O tratamento para todos os tipos de dermatite deve ser sempre prescrito por um médico dermatologista, variando de acordo com a causa e a forma que se manifesta na pele de cada pessoa. No entanto, na maioria dos casos, o tratamento é focado nos sintomas que causam desconfortos funcionais e também estéticos. Além disso, o uso de cremes hidratantes específicos podem ser recomendados para fins de prevenção, já que o cuidado com a hidratação da pele é muito importante, além de evitar piora no quadro. Podem ainda ser indicados o uso de cremes, pomadas, remédios antialérgicos, corticoides ou xampus.

Debora explica que, como se trata de uma doença que causa tanto desconforto estético como funcional ao paciente, o médico deve ser sempre consultado, tanto para início do tratamento como para o esclarecimento do diagnóstico. O não controle da doença ou a contínua exposição ao agente pode agravar ou generalizar a dermatite. “Sempre digo aos meus pacientes que nós precisamos ter uma pele lisinha e macia e isso não é por estética, é para ter certeza que ela esta saudável. Então, em qualquer anormalidade é preciso buscar atendimento especializado e se certificar do que é, usando tanto loções como medicamentos recomendados de forma exclusiva.”

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